nesse começo de 2016 que consegui organizar as idéias, me assumir artistona, entender a vida toda como um processo artístico que merece ser documentado, e essa é a minha produção. olhando para trás, percebo tudo quanto fui incorporando e descobrindo, como a tatuagem passou a ser uma relação séria de afeto entre desenho, tatuadora, pele e a vontade de outre, o segredo, a cumplicidade.
comecei a produzir caderninhos, reunir desenhos, stencils de tatu. juntando os materiais, abundam as histórias, as memórias em mim das marcas que eu deixei pra sempre.
vou retomar aqui, da melhor maneira possível, alguns dos processos de criação e os resultados das tatuagens.
desde que aprendi a tatuar, no final de 2014 até hoje ainda estou em modo experimental de tentativa em erro. estudei com a muito séria Ana Maciel, e agora tenho ouvido o Bóris Rodrigues, mozão muito error çério.

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TATTOO ÇËRIA é o que vai escrito na placa quando eu e Bóris tatuamos juntos.
Há seis anos (eu acho) mais ou menos nessa dia eu estava, como agora, num ônibus para Brusque (cidade estranha) para conhecer um amigo de orkut (arram) e passar o ano novo com ele e a mãe. Mal sabia que essa viagem ia afetar o curso da minha vida pra sempre, que eu ia conhecer gente que me afeta sem parar, que de uma cidade tão improvável floresceriam tantas eu. Agora to indo lá tatuar eles.
Engraçada a vida se repetindo em espirais caóticas de afetos e encontros. Eu queria trombar aquela luarinha hoje, na rodoviária de brusque. Queria ver a cara dela pra mim.
(a gente ia rivalizar, tretar e provavelmente o colapso existencial seria irreversível e eu viraria purplerina)
22dezembro2015
As vezes eu sou capaz de umas coisas que eu fico de cara comigo mesma.
A magia não reside na perfeição, meus traços são toscos, grosseiros. Treshe tatu de baleya, não tenho delicadeza nem técnica pra encantar, eu tenho todo o meu sangue, toda a minha força e energia vital convertidas pra isso. Marcas indeléveis cheias de histórias, de amor, de anarkia.
Tatuagem pode ser fácil, pode ser barata e pode ser feia.
O MONTE ANÁLOGO
As coisas começam porque sim, porque o unýverso é mesmo todo lýquido, plásma, hélio e hidrogenial, estrelas brillando com pysca pishca piska de falsete. Às vezes começa com um ritual, com muitas preparações, espera. Quando pego os bynocles para olhar minhas eus passadas, acho e fiko nas esplikações fluviais da minha vydamar. Vou melior àbangü, tento mais do que sei, briso mais do que me preparo; e não tenho muitto a reclamar, não.
Ontem pela prymma vez ouvi uma mulher cheyyya da expiriense que kis, por macyezas dos descaminhos, me ensinar esse ofýcil de tatuadëra. Por isso ylia, shopping, relógio. Y embora já me aguniasse a dilatação do tempo, infestada de dúvydas de pipoka, akelas que saltam sozinhas, enchem tudo, derruban a tampa da pannela, se refugiam detrás do fugão, do armário e da geladeiri, a magia aconteceu sem que eu esperasse planejasse fritasse em cada micromomento.
Mais perto da madrügada que da tarde, no quarto dos fundos, a bandeira de treash tatu brillando. E como não podia deixar de ser, foi em mim o risco, a marca, cléssy tatu de ynjambri. Em pé, sem luvas, as amigas sentadas no chão, olhando. Era uma lulua bem llena, virey meyo bicho, quando é orella tatu oufatu batedoydoy cardýacos tudo cheyo de gliitterr de momentu. Inteyra, era eu a terra arada, adubada, semyada e sedenta.
Os ritus de lüa são catártikos porkue não tem holofote, plateya nem objetivo, ficam na pélle no pello, na intensidade intensão intentu. Eu me catarzo me catapulto que bela vyda eu quis viver.
23julho2015