baleya
A Buceta Dentada (ou A Mudança do Paradigma)

Quem tem convivido com a Baleya sabe das mudanças que estão acontecendo aqui, há muito tempo e lentamente. E dentro de mim, a coisa não é diferente. Cada vez mais acredito nos símbolos, nas representações, nas subjetividades, que precisam de tempo, de carinho, de cuidado pra desenrolar. A primeira "decoração" daqui foi um panteão de pichações na casa, entre elas algumas pirocas (inegavelmente pirocas, exultantemente falos) que eu apaguei, raivosa. Muitas pichações ficaram, e mesmo sem as pirocas por aí, a energia continuava a mesma.

Decidimos pintar começamos a pintar, pintamos! A casa vai devagarinho se tomando de uma energia muito macia, muito gostosa, o processo de criação de um lar. As pinturas e pixos lentamente apagados, a estética se moldando pelo nosso desejo e não por energias externas: a primeira decoração feita por nós é uma buceta dentada.

Uma estrutura de metal achada no lixo que durante 6 meses acumulou papeis e outros penduricalhos, pendurada no meio da sala, e ainda assim invisível. Essa nova energia - também artística - resultou nessa escultura em metal e lã, vermelha, pulsante, complexa. A sombra projetada na parede cria ainda mais mistérios e belezas em torno dela. E o mais intrigante é que, apesar de ser a Buceta Dentada, muitas pessoas enxergaram outras coisas nela: asa, mapa, violão. Essa subjetividade me encanta demais: a buceta que é buceta e é mapa, se encontrar, se perder. É asa, vôo, liberdade. Violão, som e música.

É um ano de muita energia feminina, Iansã não saiu pra brincar. E aqui em casa, a direção também muda. O feminino é sagrado e mágico, está em todos os lugares, e cabe em tudo.
a buceta dentada
07.14
cerca de metal da prefeitura e lã

foi reincorporada ao lixo durante a mudança final